Dança do Ventre

Eu louvo a dança,
pois ela liberta as pessoas das coisas,
unindo os dispersos em comunidade.
Eu louvo a dança,
que requer muito empenho,
que fortalece a saúde, o espírito iluminado
e transmite uma alma alada.
 
Dançar é mudança do tempo, do espaço,
do perigo contínuo de dissolver-se
e tornar-se somente cérebro, vontade ou
sentimentos.
A dança requer o homem libertado.
ondulando no equilíbrio das coisas.
Por isso eu louvo a dança.
A dança exige o homem
todo ancorado em seu centro
para que não se torne, pelos desejos desregrados,
processo de pessoas e coisas,
e arranca-o da demonia
de viver trancado em si mesmo.
Ó homem, aprende a dançar!
caso contrário, os anjos não saberão
o que fazer contigo".
 
 
Santo Agostinho

 

 

História da Dança do Ventre

 

A origem da Dança do Ventre (Raks-El-Shark, Dança do Leste, Dança do Oriente, Belly Dance) não é totalmente decifrada. Acredita-se que é de origem predominantemente egípcia (5.000 anos a.c).

 

Era um culto praticado por altas sacerdotisas em homenagem a ÍSIS (Deusa da fertilidade, que paria do seu ventre o sol, todos os dias, e a lua todas as noites).

 

Não havia apresentações em público, naqueles tempos dançar ainda era uma forma de orar e reverenciar, a religião era parte integral da vida cotidiana.

 

Essa dança era realizada somente nos templos, e as sacerdotisas, devido a sua natureza feminina e receptiva, eram responsáveis pela abertura de um canal para o plano espiritual; para que a energia divina se manifestasse, permitindo a fusão da mulher com a divindade.

 

Os ensinamentos da dança como ritual eram transmitidos de geração em geração até a queda do império egípcio, quando perdeu seu conteúdo original e recebeu influencias de outros povos.

 

Os ciganos e beduínos divulgaram a dança pelo resto do mundo; o que levou a interpretações e significados distantes de sua essência.

 

Com a invasão árabe ocorreu uma miscigenação de culturas e a dança se espalhou como arte e entretenimento, pois foi perdendo seu caráter religioso. Portanto a dança do ventre egípcia era sagrada, ligada à religiosidade, aos deuses.

 

Origem Primitiva

 

Dançar é a mais antiga e elementar forma de expressão espiritual; todas as outras manifestações que conhecemos pela designação de arte, desenvolveram-se a partir da dança.

 

Em virtude de seu conhecimento e sua mágica ligação com a vida, as mulheres se tornaram guias, e mais tarde, sacerdotisas, representantes terrenas das Deusas. Através da linha sucessória de mães e filhas divinas, o destino feminino parecia estar traçado: éramos as mensageiras terrestres que carregavam o mistério da vida dentro do ventre.

 

Devido a influencia da lua no ciclo fértil feminino, e tendo sido constatado o fato de que as fases lunares abarcavam o período de pré-concepção e fertilidade da mulher, estabeleceu-se uma divisão do tempo, baseada na movimentação da lua. Calendários ligados ao ciclo reprodutivo da mulher foram encontrados, tendo sua data fixada em algum ponto anterior a 30.000 a.c.

 

As mulheres se reuniam em rituais de fertilidade que aconteciam durante a noite e com a exclusão dos homens. Os locais escolhidos eram colinas ou terrenos elevados. As colinas simbolizam o feminino, pois emergem da terra assim como o ventre no relevo do corpo da mulher.

 

Uma dança utilizada para aumentar e estimular a energia sexual, despertar o prazer e louvar os mistérios da vida. Relacionando-se com seu corpo, essa mulher expressava sentimentos, emoções, saudade, sofrimento e o prazer de ser mulher. Através da dança entrava em harmonia com o universo, entregando-se ao divino. O corpo sendo utilizado como instrumento para alcançar o sagrado, a oportunidade para dissolver o ego e se aproximar do celestial.

 

As antigas religiões femininas declinaram por volta de 3.000 a.c. em muitas culturas o matriarcado foi substituído pelo patriarcado. As deusas lunares foram relegadas completamente para zona da escuridão e da magia. A era da mitologia solar começou e, com ela, a dominação da consciência masculina.

 

Muitos rituais para a Grande deusa sobreviveram ao declínio da concepção matriarcal do mundo, transformando-se no que conhecemos hoje como entretenimento.